Hortifrútis crescem em meio a sobe e desce de outros formatos

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De 2021 a 2025 surgiram 40 novas lojas no estado de São Paulo neste setor. Com 74 unidades, a rede Oba inaugura mais duas neste mês, uma em SP e outra em Brasília

Há décadas, a preferência do consumidor pelos vários formatos do varejo alimentar é sempre acompanhada com lupa por players do setor.

Na metade da década de 1970 surgiam os hipermercados, com a oferta de alimentos e não alimentos, indicando que o modelo poderia abalar de vez os tradicionais supermercados.

Depois vieram os atacarejos, com o propósito de menos serviços e produtos mais baratos, justamente em uma época em que preço baixo era o que mais importava para a clientela.

Os minimercados, os tais mercados de vizinhança, já ficaram mais populares na última década e se fortaleceram com o jargão ‘fica em casa’ em razão da pandemia do novo coronavírus.

Em todo esse tempo o que se viu foi um sobe e desce nas participações de vendas dos vários modelos do varejo alimentar, especialmente com a expansão dos atacarejos. 

Mas tem um formato, que nasceu no Brasil lá nos anos 1980, não focado em preço e, sim, em variedade e qualidade, que tem se mostrado resiliente por todo esse tempo: os hortifrútis.

A participação deles nas vendas totais do autosserviço alimentar no estado de São Paulo está perto de 3%, porém, os hortifrútis não têm se abalado com a disputa entre os outros formatos.

A análise é da Varejo 360, empresa de tecnologia que monitora a performance de modelos do autosserviço alimentar com base em tíquetes de compras de consumidores.

De 2021 até este ano, 40 novas lojas de hortifrútis foram abertas no estado de São Paulo. Em setembro deste ano havia 296 CNPJs registrados como empresas no setor.

“Os hortifrútis passam à margem do sobe e desce dos outros formatos em razão da qualidade e da variedade de produtos que oferecem”, diz Fernando Faro, sócio-fundador da Varejo 360.

É um setor, diz ele, que não entra em disputa por preços e consegue manter clientes fiéis, que custam menos para serem retidos, compram com maior frequência e recomendam a marca.

Um dos maiores players desse mercado é a rede Oba, com 74 lojas em São Paulo, Goiás e Distrito Federal, que tem aberto nos últimos anos, em média, cerca de sete lojas por ano.

Ainda neste ano serão inauguradas mais duas, uma no próximo dia 18, na Vila Mariana, na cidade de São Paulo, e outra em Brasília (DF), onde a rede já possui 15 lojas.

Mário Lombardo, diretor de expansão da rede, diz que o Oba cresce porque oferece variedade e qualidade em FLV (frutas, legumes e verduras) e atende a um público de classes mais altas.

“Além disso, tanto a geração mais nova como as pessoas mais idosas estão cada vez mais preocupadas com uma alimentação mais saudável, oferecida pelos hortifrútis”, afirma.

Dezenas de fornecedores, de acordo com Lombardo, produzem FLV exclusivamente para a rede, incluindo empresas de fora do Brasil.

A rede Oba também cresce num momento em que outra concorrente, a Natural da Terra, está em processo de recuperação judicial devido à crise financeira da sua controladora, a Americanas.

Especialistas que acompanham de perto o setor de varejo alimentar dizem que a Americanas está tentando vender a sua rede de hortifrútis, o que pode até ser feito em pedaços.

Enquanto isso, pesquisas indicam que o setor de frutas e vegetais, o core business dos hortifrútis, não para de crescer no Brasil.

Estudo da consultoria Mordor Intelligence, divulgado pelo Foodbiz, estima que esse mercado no Brasil deve passar de US$ 25,8 bilhões, em 2024, para quase US$ 34 bilhões em 2029.

“O fato é que os atacarejos roubaram vendas de todos os formatos, mas não dos hortifrútis. Apesar de terem bem menos lojas, têm boa recorrência de visitas”, afirma Faro.

Em outubro deste ano, a média de visitas de clientes a hortifrútis no estado de São Paulo foi de 3,18 vezes por mês, ultrapassando a de hipermercados, de 2,99 vezes.

Quem lidera em frequência são os supermercados, com 7,21 vezes, seguidos por minimercados (4,14 vezes) e atacarejos (3,47 vezes), de acordo com a Varejo 360.

Faro diz que uma frequência de quase uma vez por semana, no caso dos hortifrútis, é considerada alta, até porque é um setor que opera em um nicho de mercado, o de FLV.

“O que se vê, pelo menos em São Paulo, é que os hortifrútis estão indo bem pela atratividade de giro de mercadoria no setor em que atuam”, afirma Marcos Escudeiro, consultor de varejo com experiência de décadas no setor supermercadista.

Os produtos comercializados nos hortifrútis, diz, estão frescos sempre, considerado um diferencial em relação a outros formatos. “Dificilmente um supermercado, um hipermercado ou um minimercado vendem frutas com a qualidade e a variedade de um hortifruti”, diz.

Segundo Escudeiro, o consumidor tem a consciência de que não adianta comprar frutas, legumes e verduras mais baratos por causa de pequena diferença de preço.

Participação de mercado

Os supermercados são o modelo com maior participação nas vendas totais do setor de autosserviço alimentar, de acordo com a Varejo 360. De janeiro a setembro deste ano, a participação foi de 54,45%.

Os atacarejos ficaram em segundo lugar, com 27,24%, seguidos pelos minimercados, com 9,97%, e hipermercados, com 3,90%.

Neste período, os hortifrutis ficaram com uma fatia de 2,92%.

O modelo que está mais perdendo venda, numa comparação em cinco anos, é o de hipermercado, justamente o formato que parecia tirar vendas dos supermercados.

Em 2021, a participação era de 6,68% no período de janeiro a setembro. Esse percentual veio caindo ano a ano até chegar em 3,90% neste ano.

O formato que mais se destaca em expansão neste período é o de atacarejo, com aumento de participação de 23,88% para 27,24%.

Ainda assim, especialistas do setor dizem que o encanto dos cash & carry já acabou no país. Isso porque os consumidores voltaram a dar preferência para as compras em bairro.

A pouca diferença de preço entre os formatos é um dos motivos e se tornou mais evidente com a pressão inflacionária e a elevada taxa de juros, de acordo com especialistas.

Fonte : https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/hortifrutis-crescem-em-meio-a-sobe-e-desce-de-outros-formatos

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