O Hortifruti Natural da Terra (HNT), da Americanas, tem ao menos quatro interessados em disputa pelo ativo. A Coluna apurou que a Plurix, da gestora Patria, a gestora americana Advent, o Oba Hortifruti e os supermercados Zona Sul se movimentam para avaliar a rede colocada à venda como parte do plano de recuperação judicial da varejista. A venda do Natural da Terra pode ainda ocorrer em partes, separando as operações no Rio e em São Paulo.
Comprada em 2021 por cerca de R$ 2,1 bilhões pela Americanas, a empresa recebeu ofertas em cerca de um quarto desse valor no início das negociações, em 2023, em meio ao calor da recuperação judicial. Agora, as conversas voltaram a ocorrer e consideram até dois compradores, um para São Paulo, onde opera com o nome Natural da Terra, e outro para os pontos comerciais do Rio de Janeiro, onde adota o nome Hortifruti, mesma marca em que opera no Espírito Santo e Minas Gerais. Ao todo, são pouco mais de 70 lojas.
Nessa nova tentativa, a venda do HNT está sendo tocada pelo banco de investimento BR Partners. Prevista no plano de recuperação da Americanas, a operação tem previsão de ser fechada até o começo de 2026. O próximo passo é a entrada das propostas vinculantes.
Advent vê tese mais ampla de varejo
Um dos únicos compradores com apetite potencial para levar o negócio inteiro, a americana Advent tenta estruturar uma tese de investimentos mais ampla, que começaria com a compra do Sonda Supermercados e poderia, na sequência, expandir para nomes como o HNT. Ainda em tratativas com o Sonda, porém, há dúvidas sobre a gestora fazer um primeiro investimento dessa frente de varejo alimentar no ativo da Americanas.
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Na possibilidade de dividir o ativo entre as lojas do Rio de Janeiro (incluindo MG e ES) e São Paulo, o Zona Sul aparece como o nome mais provável para complementar seu parque de lojas no Rio, enquanto o Oba apareceria como comprador para os pontos de São Paulo. Há, porém, dúvidas quanto ao espaço na estrutura de capital do Oba para um movimento de aquisição neste momento.
A Plurix, por sua vez, não tem em sua tese de investimentos a ambição de avançar sobre marcas de capitais, tendo maior foco em nomes regionais. “Quando se fala em aquisições, há encaixes perfeitos e questões de oportunidades, que podem ser mais arriscadas”, disse uma fonte à reportagem, explicando que, no caso da empresa do Patria, a aquisição seria menos óbvia e mais atrelada a um preço muito vantajoso.
Por fim, sabe-se que a rede paranaense Festval, que chegou no passado a avaliar os ativos do St Marche, pode ter interesse em um negócio semelhante, como o HNT. Além dele, surge o nome do grupo varejista chileno Cencosud, que após a venda da bandeira Bretas, ficou capitalizado para novos movimentos no varejo alimentar.
Pontos comerciais são bons ativos
O fundador da consultoria BTR Retail, Eduardo Terra, diz que o parque de lojas do HNT tem excelente localização e que os pontos comerciais são bons ativos. “Esses pontos, operados por um ‘player’ de marca forte, com bom sortimento e boa operação, podem ter um grande ‘upside’ (ganho de valor)”, diz. Ele ressalta ainda o fato da rede operar em dois mercados completamente diferentes. “Isso, provavelmente, pode trazer compradores distintos para esses dois mercados”, avalia.
Em nota, a Americanas afirmou que “segue com o processo de ‘Market Sounding’ para prospecção de interessados na aquisição do Hortifruti Natural da Terra, alienação prevista em seu Plano de Recuperação Judicial. A Companhia manterá acionistas e o mercado informados sobre o processo”. Procurados, Zona Sul, Oba, Plurix e Advent não comentaram até a publicação deste texto.
Fonte : https://www.estadao.com.br