A quarta edição do Radar do Trabalho – Cidade de São Paulo, divulgada em agosto de 2025 pelo Observatório do Trabalho de São Paulo − parceria entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET) e o Dieese −, revelou que o mercado de trabalho da capital paulista segue em trajetória de recuperação. A percepção média dos entrevistados sobre a economia e o emprego atingiu 7,0 pontos, em uma escala de 1 a 10, resultado superior aos 6,6 pontos registrados na rodada anterior, de abril.
O levantamento, realizado trimestralmente com 88 representantes de empresários, trabalhadores, especialistas e influenciadores digitais, mede a percepção sobre os três meses anteriores e as expectativas para os três seguintes. A avaliação positiva do trimestre encerrado em julho também refletiu estabilidade nas projeções futuras, que ficaram praticamente inalteradas (7,0 pontos agora, ante 6,9 em abril).
Os dados estão alinhados a indicadores oficiais. A taxa de desocupação na cidade de São Paulo caiu para 5,4% no segundo trimestre de 2025, o menor nível da série histórica iniciada em 2012, segundo a PNAD Contínua (IBGE). O número de desempregados recuou para 371 mil pessoas, 39 mil a menos que no trimestre anterior. Já o Novo Caged apontou crescimento de 1,8% no estoque de empregos com carteira assinada no primeiro semestre, o equivalente à criação de 88 mil novos postos − ultrapassando a marca de 5 milhões de vínculos formais.
Divergência entre grupos
Apesar da melhora geral, as percepções variam entre os grupos. Os trabalhadores mantêm o otimismo, com escore médio de 7,9 pontos, ligeiramente acima do resultado anterior (7,1). Especialistas e comunicadores digitais também elevaram suas avaliações, de 6,1 para 6,9 pontos. Já os empresários continuam mais pessimistas, com queda de 6,5 para 6,2 pontos − terceira rodada consecutiva em que expressam avaliação negativa sobre a economia paulistana.
Nas projeções para os meses seguintes, os empresários também mostraram cautela, reduzindo suas expectativas de 6,2 para 6,1 pontos. Especialistas e trabalhadores, por outro lado, ampliaram levemente suas projeções, chegando a 6,9 e 7,9 pontos, respectivamente. O humor médio dos três grupos permanece acima de 5,0 desde o início da série, o que indica uma visão predominantemente satisfatória do desempenho econômico da cidade.
Segurança e infraestrutura entre os principais desafios
A edição de julho do Radar do Trabalho também investigou, em formato aberto, os fatores que desafiam o desenvolvimento dos negócios na capital. A “falta de segurança pública” foi o problema mais citado pelos empresários, apontada por 87,9% deles como o principal entrave à atividade econômica.
Entre os trabalhadores, a queixa mais recorrente (45,2%) foi a “falta de apoio público”, abrangendo ausência de fiscalização, crédito, incentivos e programas de capacitação. Já os especialistas e comunicadores destacaram dois obstáculos igualmente citados por 68,2% dos entrevistados: a “imagem negativa da cidade” e o “trânsito intenso e a dificuldade de acesso para clientes, fornecedores e funcionários”.
O estudo mostra que, embora as percepções variem conforme o papel de cada grupo na economia, a convergência de opiniões aponta para a necessidade de políticas públicas que reforcem segurança, infraestrutura e incentivos ao ambiente de negócios − fatores essenciais para sustentar o ritmo de crescimento do emprego e da economia paulistana.
OUT/25
Fonte : Dieese