Com quase 78 milhões de endividados, empresas precisam repensar suas estratégias

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As empresas que investirem na compreensão das necessidades financeiras dos brasileiros estarão um passo à frente e poderão prosperar.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um cenário econômico desafiador, marcado por incertezas e um aumento alarmante da inadimplência entre as famílias. Com quase 78 milhões de brasileiros endividados, a situação é crítica, especialmente para as empresas que dependem do consumo. Essa realidade foi um dos pontos centrais abordados durante o 10º Fórum das Médias Empresas, promovido pela Fundação Dom Cabral (FDC).

O professor associado da FDC, Bruno Carazza, destaca que o endividamento da população é um sinal de alerta para os empresários.

Ele aborda a complexidade do atual panorama econômico, que se caracteriza por um “presente dicotômico”. Ou seja: de um lado está um Brasil que registrou um crescimento acumulado do PIB de 3,2%. Do outro, há um nível de desemprego historicamente baixo. Entretanto, as dívidas em atraso afetam diretamente o poder de compra das famílias e, consequentemente, o desempenho das empresas. “Com quase 78 milhões de brasileiros com dívidas em atraso, as empresas que dependem do consumo precisam estar atentas a esse cenário.”

Carazza também lembra que o cenário econômico é moldado por diversos fatores. Entre eles, a alta das taxas de juros implementadas pelo Banco Central para combater a inflação persistente. “Essas medidas, embora necessárias, têm contribuído para a desaceleração do crescimento em setores cruciais. Como, por exemplo, o comércio varejista, que viu seu crescimento robusto ser reduzido a taxas bem menores”, pontua Carazza.

Recuperação econômica

Em meio a esse contexto, as empresas de médio porte se destacam como peças-chave na recuperação econômica do País. O professor enfatiza a importância dos líderes empresariais estarem atentos às oportunidades que surgem mesmo em tempos de crise. Ele ressalta que as reformas econômicas implementadas nos últimos anos, como a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista, foram fundamentais para estabilizar a economia e que um futuro mais promissor depende de um ambiente em que as empresas possam prosperar.

A análise do professor Bruno Carazza concluiu com um apelo à ação, incentivando os líderes empresariais a se prepararem para os desafios que estão por vir, ao mesmo tempo em que se aproveitam das oportunidades que surgem em meio à adversidade. Por fim, o papel das agências de fomento, como o BNDES e a Caixa, foi destacado como essencial para o suporte às empresas na construção de um futuro mais estável e promissor.

Empresas e BNDES

Tiago Luiz Cabral, chefe do Departamento de Clientes e Relações com Investidores do BNDES, traz à tona dados importantes sobre o papel do banco no apoio às micro, pequenas e médias empresas.

Ele destaca que, em 2024, apenas 2,3% das operações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social foram aprovadas para grandes empresas, enquanto a maioria dos créditos, cerca de 500 mil operações, foi destinada a pequenos negócios. “Essa informação surpreende muitos empresários, que muitas vezes veem o BNDES apenas como um financiador de grandes corporações.” Para Tiago, isso ocorre porque, muitas vezes, os empresários não estão cientes das oportunidades que o banco oferece para os pequenos negócios.

Com um total de 213 bilhões aprovados em crédito, o BNDES tem se mostrado um importante parceiro para quem deseja impulsionar seus negócios. Tiago destaca que, ao longo dos anos, essa tendência tem se repetido. A atuação do banco não se limita a grandes financiamentos, mas abrange uma variedade de soluções de crédito e garantias que podem beneficiar uma vasta rede de empreendedores em todo o Brasil.

Segmento estratégico

Um dos pontos centrais da fala de Tiago foi a importância das médias empresas, que representam um segmento estratégico para a economia brasileira. Ele explica que o BNDES possui duas modalidades de operação: a direta, na qual a empresa negocia diretamente com o banco, e a indireta, que ocorre por meio de instituições financeiras parceiras. Essa última é a mais utilizada, com cerca de 43 mil operações realizadas no ano passado.

Tiago também compartilha detalhes sobre como o BNDES classifica as empresas. As microempresas têm um faturamento anual de até R$ 360 mil, as pequenas podem faturar até R$ 4,8 milhões e as médias têm limites que variam de R$ 4,8 milhões a R$ 300 milhões. Essa classificação é fundamental para que os empresários compreendam quais produtos e soluções financeiras estão disponíveis para eles.

Outra perspectiva importante foi apresentada por Rodrigo Bampi, head do Segmento Middle da Caixa Econômica Federal, que ressaltou a relevância das médias empresas na geração de empregos e renda. Apesar do cenário de juros altos que dificulta o acesso ao crédito, Bampi aponta para um crescimento robusto na economia, sustentado pela baixa taxa de desemprego e pelo aumento da renda. “No entanto, a preocupação com o endividamento da população persiste.”

Nesse aspecto, Bampi alerta que esse fator pode impactar o consumo e, por consequência, as empresas que dependem desse movimento. “Vale aqui pensar sempre em um planejamento financeiro cuidadoso e um alinhamento realista entre expectativas de faturamento e solicitações de crédito.”

Internacionalização

Por consequência, Clarissa Furtado, head de Competitividade da Apex-Brasil, trouxe à tona a importância da internacionalização para as pequenas e médias empresas. Ela destaca que, apesar de um mercado interno robusto, a exploração de mercados internacionais pode proporcionar novas oportunidades de crescimento. “Com apenas 28 mil das 20 milhões de empresas registradas no Brasil envolvidas em exportação, há um vasto potencial a ser explorado”, diz.

A head da Apex-Brasil também mostra que, atualmente, apenas 28 mil das 20 milhões de empresas registradas no Brasil estão envolvidas com exportação. Isso representa uma fração pequena, considerando que existem aproximadamente 500 mil empresas consideradas ativas. “O número é muito baixo e precisamos que mais empresas se sintam motivadas a exportar”, disse Clarissa, destacando que a maioria das empresas que exportam são de médio porte e atuam principalmente na indústria de transformação e agropecuária.

Fonte : https://consumidormoderno.com.br/empresas-desafio-cenario

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