Reportagem publicada hoje, 03/06, pelo jornal Valor Econômico destaca que os consumidores brasileiros das classes D e E são os que mais pretendem ampliar seus gastos nos próximos meses, apesar de se sentirem sub-representados na publicidade. Segundo dados do estudo “Brasil Invisível: Insights sobre o consumidor de baixa renda”, realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a ESPM, 59% dos entrevistados dessas classes afirmam que desejam gastar mais — índice superior ao das classes A e B (52%).
Apesar de fortemente conectados — com 91% fazendo uso diário do celular — e altamente engajados em redes sociais como WhatsApp, Instagram e YouTube, os consumidores de menor renda sentem falta de representatividade nas campanhas publicitárias. Para 60% deles, a publicidade não retrata a realidade de suas vidas, número bem superior ao das classes mais altas (32%).
Outro destaque do estudo é que as classes D e E demonstram alta sensibilidade social e ambiental: 82% apoiam causas ligadas à diversidade e inclusão (ante 76% das classes A e B), e 79% se preocupam com a sustentabilidade (versus 65% das classes mais altas).
Fabricio Fudissaku, CEO da Data-A, afirma que é um mito pensar que consumidores de baixa renda optam apenas pelo mais barato. “É um público exigente, que busca produtos com valor percebido e que deseja ser visto pelas marcas”, explica.
Para Nina Rentei, diretora de tecnologia social da Gerando Falcões, os dados reforçam a urgência de campanhas mais inclusivas e representativas. Já Jan Góes, pesquisador do Insper, ressalta que compreender melhor esse público pode abrir oportunidades de mercado e inovação.
O estudo ouviu 2.465 entrevistados de todas as regiões do país, em abril e maio de 2025, e reforça que a baixa renda não significa baixa aspiração de consumo, e sim uma oportunidade ainda pouco explorada.
Fonte: Valor Econômico, edição de 3 de junho de 2025.