Endividamento em São Paulo atinge pico em dois anos, apesar da estabilidade na inadimplência

Destaques

O endividamento atingiu 72,7% das famílias paulistanas em setembro – chegando ao maior nível desde junho de 2023, quando alcançava 72,8% dos lares. Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostram um avanço em relação a agosto, quando o porcentual de endividadas era de 71,5%. 

Em termos absolutos, são quase 3 milhões de famílias com algum tipo de dívida na cidade – 50 mil a mais em apenas um mês e pouco mais de 200 mil na comparação interanual. Entre as faixas de renda, os lares com renda até dez salários-mínimos, apresentaram uma elevação do endividamento. O porcentual passou de 75,1%, em agosto, para 76%, no nono mês do ano. Já entre os que recebem acima desse valor, o índice cresceu de 60,9% para 62,9%. No sentido contrário, o tempo médio de comprometimento com as dívidas, recuou para sete meses enquanto o porcentual dos recursos comprometidos com elas ficou praticamente estável, passando de 26,5% para 26,6%. Entre os tipos de compromissos não quitados, o cartão de crédito permanece na liderança, com quase 80%, seguido do crédito pessoal (12%), e do consignado, que representa 4,5% das dívidas das famílias

Inadimplência se manteve estável 

Enquanto o endividamento avançou, a inadimplência se manteve estável. Atualmente, 22,7% dos lares têm dívidas atrasadas – mesmo porcentual de agosto, embora acima do registrado sem setembro de 2023, quando essa porcentagem era de 18,9%. São 931,6 mil famílias com contas em atraso – um crescimento de 160 mil em um ano.

Na avaliação por classe social, os grupos que recebem até dez salários mínimos mostraram estabilidade, passando de 27,1%, em agosto, para 27,2%, em setembro. Entre os que recebem acima desse valor, a taxa recuou de 11,7% para 11,5%. O tempo médio de atraso cresceu de 63,3 para 63,8 dias, mas mais da metade dos inadimplentes está com débitos vencidos há mais de 90 dias. 

Apenas 10,8% das famílias declararam que possuem intenção de contrair crédito ou financiamento nos próximos três meses. Este é o menor patamar desde julho de 2023. Dentre essas, 82,5% afirmam que o objetivo é usar esse recurso para o consumo e 12,1% para o pagamento de dívidas. O porcentual de famílias que não conseguirão quitar os débitos em atraso avançou para 9,6% em setembro, atingindo o maior índice desde abril de 2023 (9,8%). Em números absolutos, são 393,5 mil famílias. 

Na avaliação da FecomercioSP, o endividamento elevado não é, necessariamente, um fator negativo. Muitas famílias recorrem ao crédito para manter o consumo diário, já que nem sempre conseguem absorver as despesas à vista. A estabilidade na inadimplência mostra que, embora as famílias dependam, cada vez mais, do crédito para manter o consumo cotidiano, a combinação de mercado de trabalho aquecido e inflação mais baixa tem favorecido o cumprimento dos compromissos financeiros. Sendo assim, a tendência, no médio prazo, é que esse cenário contribua também para a melhora no perfil dos atrasos, abrindo espaço no orçamento das famílias para a quitação das dívidas acumuladas.

Nota metodológica 

PEIC 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos. 

Fonte : https://www.fecomercio.com.br

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