FGV e Supermercado Hirota criam laboratório de consumo real dentro da universidade

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Iniciativa ocorre no momento em que o comércio varejista enfrenta escassez de mão de obra qualificada; alunos vão poder testar os impactos das mudanças na gestão nas vendas da loja laboratório

No momento em que um dos principais problemas enfrentados pelo varejo é a falta de mão de obra, especialmente a qualificada, uma universidade e uma empresa do setor de supermercados se unem para criar um laboratório de consumo da vida real. A parceria é da rede de supermercados Hirota com o Centro de Excelência em Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo daFundação Getulio Vargas (FGVcev).

Batizado de Hirota Lab, o laboratório começa a funcionar no dia 5 de novembro dentro do campus da FGV de São Paulo. Será uma loja laboratório de supermercado com 36 metros quadrados (m²), instalada dentro de um contêiner.

Nessa loja 24 horas, operada por dois funcionários entre 7 horas da manhã e 19 horas e totalmente digital no restante do tempo, os alunos da graduação e da pós-graduação em Administração da FGV vão ter a oportunidade de comprar e também aprender na prática como o consumo responde às alterações de mix de produtos, disposição das mercadorias nas prateleiras, preços, por exemplo.

“Será um laboratório vivo”, afirma Henrique de Campos Junior, coordenador do Hirota Lab, professor do departamento de Marketing da FGV e pesquisador do FGVcev.

Ele diz que não tem conhecimento de uma iniciativa parecida no mundo. Outras universidades têm laboratório de varejo, mas não se tratam de lojas que vendem produtos.

Testes

O Hirota Lab será uma loja normal que vai atender aos estudantes e funcionários da universidade com a venda de produtos. A diferença é que os estudantes, especialmente os da pós-graduação, vão poder testar mudanças e avaliar o impacto nas vendas, na produtividade e nos resultados da loja, por exemplo.

A rede de supermercados Hirota vai administrar a operação. A empresa investiu R$ 500 mil no projeto, entre instalações, estoques e funcionários.

Nas contas do diretor do Hirota, Hélio Freddi, a expectativa é que a loja fature entre R$ 180 mil a R$ 200 mil por mês. O principal ganho, no entanto, não será a venda, mas a possibilidade de poder replicar, em primeira mão, as experiências bem-sucedidas de administração nas demais lojas da rede.

“Tínhamos um desejo muito grande de experimentar esse mercado de universidades e colégios, mas havia dificuldade de encontrar o lugar certo para um projeto-piloto”, diz Freddi.

Além dos supermercados e das lojas em condomínios, hoje o Hirota tem 25 lojas funcionando dentro de empresas. O Hirota Lab será a primeira em universidade. Freddi diz que qualquer empresa tem o desejo de estar dentro de um centro acadêmico desse tipo, com um público qualificado de 4 mil estudantes e muita visibilidade.

Campos Júnior conta que a ideia de ter um laboratório de varejo em parceria com uma empresa nasceu dois anos atrás durante uma visita à exposição da National Retail Federation (NRF), em Nova York (EUA), uma das principais feiras de varejo do mundo.

Na ocasião, houve conversas entre os dirigentes do Hirota e os professores da FGV sobre os principais desafios do varejo. E um deles era fazer a conexão entre a academia e a prática.

Segundo o coordenador do FGVcev, Maurício Morgado, esse laboratório é uma iniciativa única que une aprendizado e aplicação de pesquisa no dia a dia de uma loja.

“O varejo emprega cerca de 25% da força de trabalho com carteira assinada e movimenta 23% do PIB (Produto Interno Bruto)”. diz Morgado. Segundo ele, investir em eficiência no setor é fundamental para gerar empregos de maior valor e distribuir renda. O coordenador do FGVcev frisa que somente com pesquisa de ponta será possível aumentar a produtividade do setor.

Campos Júnior lembra que o comércio varejista sempre foi visto como uma carreira de passagem, tanto para os profissionais do topo como para os do chão da loja. Normalmente, eles miram os empregos no mercado financeiro e na indústria, onde a remuneração é maior.

No entanto, mudanças na forma de gestão das empresas varejistas que aumentam a produtividade podem resultar na valorização dos profissionais do setor, que tem as margens de ganho muito apertadas, observa.

Fonte : https://www.estadao.com.br/economia/fgv-e-supermercado-hirota-criam-laboratorio-de-consumo-real-dentro-da-universidade

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