O setor de varejo alimentar brasileiro vive um momento de ajuste diante da queda nas vendas e da deflação registrada ao longo de 2025, segundo matéria do Valor Econômico, publicada hoje, de autoria da repórter Adriana Mattos. Segundo dados da NielsenIQ (NIQ), o país mantém neste ano um ritmo fraco de vendas no comércio de alimentos, com volume negativo e perspectiva de retração até o final do quarto trimestre. A recuperação, segundo analistas, deve ocorrer apenas a partir de 2026. O segmento, que representa cerca de 10% do PIB, enfrenta os efeitos combinados de preços menores, renda ainda pressionada e consumo das famílias em desaceleração.
Entre junho e setembro, os preços de alimentos e bebidas caíram 1,17% segundo o IPCA, e o volume vendido recuou 3,8% conforme levantamento da Scanntech Brasil. Mesmo com inflação controlada, os altos juros e o crédito restrito continuam impactando as famílias de menor renda, que reduziram o consumo e priorizam itens básicos. O enfraquecimento da demanda fez com que redes supermercadistas e fabricantes adotassem uma estratégia de simplificação e racionalização de portfólio, cortando produtos com baixa saída e focando em categorias essenciais.
Enquanto os setores de higiene e limpeza ampliaram o número de itens disponíveis, os de alimentos e bebidas “emagreceram”, diminuindo a variedade nas prateleiras. Dados da NIQ indicam que 48% dos varejistas já reduziram seus portfólios e outros 41% pretendem fazer o mesmo até 2026, em busca de maior eficiência operacional e melhor rentabilidade. O movimento inclui revisão de embalagens, padronização de formatos e priorização de marcas líderes.
Para analistas, o ambiente atual abriu espaço para uma reorganização estratégica do varejo, após anos de forte investimento e expansão. Agora, a meta é recuperar margens, conter custos e preparar as empresas para um novo ciclo de crescimento. A expectativa é de que, com a estabilização da economia, juros menores e leve retomada da confiança do consumidor, o setor volte a crescer de forma gradual a partir de 2026, consolidando um modelo de operação mais simples, enxuto e eficiente.