O novo ciclo dos eventos: um mercado em expansão e em transformação

A indústria de eventos vive um dos momentos mais intensos e estratégicos de sua história. Depois de um período de retração forçada, o setor ressurge globalmente como um dos motores da economia da experiência. Segundo a Allied Market Research, o mercado mundial movimentou cerca de US$ 737 bilhões em 2021 e deve ultrapassar US$ 2,5 trilhões até 2035, crescendo a uma taxa média de 6,8% ao ano.

Entre os segmentos, os eventos corporativos, que incluem feiras, congressos, convenções e lançamentos, já representam cerca de 30% do total global e devem alcançar US$ 600 bilhões até 2029, de acordo com a Cvent.

No Brasil, estimativas da Abeoc e do Sebrae apontam que o setor movimenta mais de R$ 400 bilhões por ano, o equivalente a 4,3% do PIB nacional, e gera 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos. O País abriga uma das cadeias produtivas mais completas da América Latina, envolvendo turismo, hotelaria, tecnologia, alimentação e serviços especializados.

A atividade se concentra nas grandes capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília — que lideram o calendário de feiras, convenções e eventos corporativos. Só São Paulo recebe mais de mil eventos de negócios por ano, atraindo cerca de 15 milhões de participantes e injetando mais de R$ 16 bilhões na economia local, segundo a SPTuris.

A diversidade do mercado e o protagonismo dos eventos corporativos

O universo dos eventos é vasto e multifacetado. Inclui experiências corporativas e de negócios, manifestações culturais e de entretenimento, encontros esportivos, celebrações sociais e ações institucionais e governamentais.

No entanto, são os eventos corporativos que mais crescem e se sofisticam, transformando-se em plataformas de aprendizado, relacionamento e posicionamento de marca. A combinação de networking presencial, conteúdo relevante e tecnologia digital faz desse segmento um espaço privilegiado para conectar pessoas, empresas e ideias.

Por que o setor cresce tanto

O crescimento da indústria de eventos é resultado de múltiplos vetores convergentes. A valorização do contato humano após a pandemia reacendeu o desejo por experiências presenciais e pela troca genuína, algo que o ambiente digital ainda não substitui.

Ao mesmo tempo, a digitalização das jornadas expandiu o alcance e reduziu barreiras, permitindo a integração entre o físico e o online. A globalização dos negócios intensificou a circulação de pessoas e de conhecimento, enquanto a profissionalização do setor elevou os padrões de gestão, mensuração de resultados e uso de dados.

Soma-se a isso o avanço da economia da experiência, na qual indivíduos e empresas priorizam vivências significativas em vez de transações puramente funcionais. Finalmente, dentro das organizações, os eventos tornaram-se ferramentas essenciais para cultura, engajamento e pertencimento, ampliando seu papel estratégico.

O que as pessoas buscam em eventos e quais tendências moldam o futuro

O participante contemporâneo quer uma vivência com propósito, não apenas conteúdo. Ele busca pertencimento, autenticidade, interação e impacto positivo. Quer estar em espaços que reflitam seus valores e proporcionem encontros verdadeiros.

A sustentabilidade, antes considerada um diferencial, tornou-se critério de escolha. A interatividade é indispensável: o público quer participar, co-criar e contribuir. A personalização, viabilizada pelo uso inteligente de dados, faz cada jornada parecer única. E a hibridização entre o digital e o presencial deixou de ser tendência para se tornar a norma, criando experiências mais acessíveis, amplas e contínuas.

No universo corporativo, esse comportamento se traduz em feiras mais imersivas, convenções interativas, congressos com conteúdo segmentado e experiências que misturam negócios, cultura e entretenimento.

As tendências que definem o novo ciclo dos eventos refletem uma transformação profunda na forma como pessoas e marcas se relacionam. Os eventos híbridos e multiplataforma consolidam-se como modelo dominante, unindo alcance global e intensidade presencial.

Os espaços tornam-se mais versáteis e sustentáveis, preparados para diferentes formatos e comprometidos com práticas ESG. A tecnologia deixa de ser apoio logístico e passa a atuar como inteligência, personalizando experiências, sugerindo conexões e mensurando impacto.

A curadoria assume papel central, transformando agendas em narrativas e eventos em experiências editoriais.
A economia do conteúdo prolonga a vida dos encontros, transformando-os em hubs permanentes de relacionamento, aprendizado e influência. E a diversidade, em todas as suas dimensões, passa a ser premissa ética e diferencial competitivo.

Take aways: como performar nesse novo cenário

  • Tenha clareza de propósito: entenda por que o evento existe e o que ele entrega de valor real.
  • Planeje a jornada completa: o evento começa muito antes da abertura e continua mesmo depois que as luzes se apagam.
  • Use tecnologia a favor da conexão humana: dados e IA devem ampliar, não substituir, o encontro presencial. Incorpore ESG e diversidade de forma genuína: a coerência entre discurso e prática é o novo critério de relevância.
  • Transforme o evento em plataforma contínua: prolongue o relacionamento com conteúdos, comunidades e dados.
  • Mensure o impacto além do financeiro: considere reputação, engajamento e influência como métricas de sucesso.

Carolina Cândido é consultora na Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Fonte : https://mercadoeconsumo.com.br/21/10/2025/artigos/o-novo-ciclo-dos-eventos-um-mercado-em-expansao-e-em-transformacao

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