Defendida diante de mão de obra escassa, contratação por hora é questionada

Jurídico

A possibilidade deixa em alerta o Ministério Público do Trabalho, que considera essa prática ilegal

Entrada de supermercado atacadista em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

Empresários do setor supermercadista brasileiro defendem a adoção do trabalho por hora como solução para a falta de mão de obra. A possibilidade deixa em alerta o MPT (Ministério Público do Trabalho), que considera essa prática ilegal. A avaliação é da coordenadora de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho do MPT-MS, procuradora Rosimara Delmoura Caldeira.

De acordo com ela, a migração para o contrato intermitente, aquele em que o trabalhador é chamado apenas quando necessário e recebe proporcionalmente às horas trabalhadas, não se aplica às atividades contínuas, como é o caso dos supermercados. Se adotado, seria considerado fraude à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

“A utilização do contrato de trabalho intermitente para atividade contínua e permanente da empresa é ilegal, pois introduz uma jornada móvel e variável, o que só é permitido quando a natureza do empreendimento assim exigir”, explica.

A justificativa do empresário é que os jovens querem modernidade e flexibilidade. A solução seria adotar o regime de trabalho por hora, também chamado de intermitente.

Entre os prejuízos apontados pelo MPT aos trabalhadores estão a ausência de garantia de jornada mínima, insegurança econômica, baixa remuneração e contribuições insuficientes para a Previdência, o que pode impactar aposentadorias, auxílio-doença e salário-maternidade.

do Sul informou que não há denúncias específicas sobre o setor de supermercados no Estado. No entanto, a procuradora alerta para o risco de subnotificação, especialmente por se tratar de uma discussão recente. O órgão também recomenda que os trabalhadores procurem os sindicatos da categoria, que têm legitimidade para atuar na defesa dos direitos.

Segundo a Funsat (Fundação Social do Trabalho), em maio, teve semana que chegou a ofertar 554 vagas para funções ligadas a supermercados, o que representa 30% do total de oportunidades de trabalho do dia. As funções incluem desde operador de caixa, até açougueiro, atendente de padaria e repositor de mercadorias.

A carga horária das contratações é de 44 horas semanais, e os salários variam entre um e dois salários mínimos, com acréscimo de benefícios, dependendo da vaga. Segundo a diretoria de vagas e emprego da Funsat, doze empresas do setor estão com processos seletivos abertos. Sentado com um grupo de colegas no intervalo de almoço, o funcionário de um atacadista, de 25 anos, comenta que o setor de supermercados sempre tem vagas, mas enfrenta resistência dos próprios candidatos

Trabalhar de 25 anos fala sobre o preconceito dos jovens em aceitar trabalhar no setor de mercados.

“Eles acham que só trabalha em mercado quem tem pouco estudo, mas isso não é verdade. É um trabalho como qualquer outro, com benefícios e chance de crescer. É a mentalidade dos jovens, com preconceito. Aqui no mercado, só conseguimos preencher parte das vagas quando abriram para pessoas acima de 60 anos”, conta.

A reportagem procurou a Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados) para comentar sobre a possibilidade de adoção do trabalho por hora no setor, mas não houve retorno até a publicação.

https://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/defendida-diante-de-mao-de-obra-escassa-contratacao-por-hora-e-questionada

O Sincovaga Notícias é o portal do Sincovaga SP, que mantém parcerias estratégicas com renomados veículos de comunicação, replicando, com autorização, conteúdos relevantes para manter os empresários do varejo de alimentos e o público em geral bem informados sobre as novidades do setor e da economia.