Segundo a APAS (Associação Paulista de Supermercados), há atualmente 34,5 mil vagas abertas no setor supermercadista paulista que precisam ser preenchidas. A alta rotatividade no varejo é um desafio constante, motivado por fatores como remuneração pouco competitiva, jornadas que incluem feriados e fins de semana, ausência de plano de carreira e outros aspectos.
Para Erlon Ortega, presidente da APAS e gestor do Serve Todos Supermercados, o modelo de trabalho horista — que abrange formatos de tempo parcial ou intermitente — pode ajudar a reduzir o turnover no setor de várias formas. “Com esse modelo, conseguimos atrair e reter talentos que buscam por flexibilidade, como jovens, estudantes, pessoas em transição de carreira ou em busca de renda complementar. Ao oferecer horários adaptados às necessidades do profissional, o supermercado se torna um empregador mais atraente. Além disso, reduzimos a sobrecarga da equipe fixa e facilitamos a entrada no mercado para quem tem pouca experiência”, afirma.
Ortega ressalta, no entanto, que a adoção do trabalho por hora também apresenta desafios relevantes, especialmente em um ambiente dinâmico como o dos supermercados. Entre eles estão a necessidade de um planejamento de escala sofisticado para garantir a equipe certa no momento correto, o cumprimento rigoroso da legislação trabalhista, o uso de softwares eficientes de gestão, o investimento em treinamento e padronização, e a atenção para que os horistas se sintam valorizados — e não como “tapa-buracos”. Há ainda o aumento nos custos administrativos.
No Brasil, redes supermercadistas e varejistas já utilizam os formatos de tempo parcial e, mais recentemente, o trabalho intermitente, como forma de lidar com oscilações de demanda. Essa prática pode tornar o ambiente de trabalho mais atrativo, produtivo e com menor rotatividade.
A vice-presidente da APAS, Shirlei Castanha, reforça que o problema de preencher vagas no setor envolve múltiplas causas e exige novas soluções. “Precisamos nos adequar e buscar por alternativas inovadoras, que conciliem os interesses de profissionais e empregadores. A nova geração não busca mais exclusivamente o regime CLT e quer mais flexibilidade; precisamos acompanhar essa mudança”, afirma.
Para Natália Mauad, diretora de RH do Grupo Carrefour no Brasil, o modelo horista ajuda a cobrir períodos sazonais sem sobrecarregar a equipe fixa, mantendo a estabilidade do quadro principal. “Hoje utilizamos plataformas parceiras para contratar por missão, conforme a necessidade de cada loja, principalmente para frente de caixa e reposição. Isso nos dá agilidade nos horários de pico, sem ampliar o quadro fixo”, explica.
Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 70% das vagas em supermercados permanecem abertas, principalmente para cargos como atendente de caixa, repositor e estoquista. Essa escassez pode, em casos extremos, atrasar até inaugurações de novas lojas.
Fonte : https://supervarejo.com.br/varejo/horistas-ajudam-supermercados-a-reduzir-falta-de-mao-de-obra