Nesta semana, tive a oportunidade de palestrar na 10ª edição do Latam Retail Show, no palco do 1º Fórum Matcon, apresentando dados do estudo inédito Construcheck Macrotrends, metodologia proprietária da Gouvêa Inteligência que analisa o abastecimento dos varejistas de materiais de construção.
São dados com insights estratégicos para os diferentes elos da cadeia de valor do setor de construção. Com o Construcheck, conseguimos responder a diferentes perguntas: quais são as categorias com maior peso no abastecimento das lojas de materiais de construção? Quais são os principais canais e qual é a sua performance?
Mais importante: qual é o share em valor e volume da sua marca? Quais SKUs mostram melhor performance? Qual é o preço médio da sua categoria e como sua marca e seus produtos se posicionam em relação à concorrência? São respostas que o Construcheck entrega mensalmente, analisando o sell-in varejista.
Com o cenário de consumo adverso no Brasil, e sendo o universo do varejo de materiais de construção complexo, pulverizado, porém estratégico, é fundamental compreender como as lojas se abastecem com produtos, das grandes às inúmeras pequenas, para um melhor posicionamento de marcas e produtos no ponto de venda.
No período entre maio e julho de 2025, dentro do varejo de construção, comércio varejista em geral e os não especificados totalizaram mais de 70% das compras de abastecimento. Ou seja, são lojas com atuação ampla, sem especialização específica em uma categoria, muito acima dos 62% verificados no mesmo período de 2024.
Mais de 50% das compras, em valor, estão concentradas no Sudeste, um valor superior ao número físico de estabelecimentos, de 46% na região (Rais, 2022), indicando que o preço médio pago pelos varejistas da região é superior à média nacional.
Nesse universo dividido entre home centers, lojas de bairro e especializadas, quem abastece esses estabelecimentos? Temos dois grandes canais: a venda direta, pela indústria, e os atacadistas e distribuidores.
A venda direta é estratégica, permitindo conhecer o PDV e aproximar a relação entre indústria e lojista. Do outro lado, a distribuição garante pulverização e capilaridade, sobretudo em lugares afastados dos grandes centros.
No período de maio a julho de 2025, o canal de abastecimento, que inclui distribuidores e atacadistas, somou 35% do valor vendido ao varejo, levemente superior aos 34% verificados em 2024.
Além de distribuidores especializados terem ganhado espaço, a digitalização tem sido um movimento importante, com o advento de marketplaces B2B e plataformas de atacadistas, buscando modernizar a relação entre indústria e varejo, um ganho importante para os lojistas.
Se o universo de lojas é pulverizado, seus vendedores estão classificados em mais de 400 Cnaes, porém, 50% do abastecimento está concentrado em apenas 7 desses canais, com a liderança do comércio atacadista de materiais de construção em geral, que detém 11% das vendas aos lojistas do setor.
Qual é a riqueza do Construcheck para essas análises? Compreender as tendências e movimentos do sell-in varejista, observando o comportamento de categorias, nos diferentes canais de compra e venda, variação de preço médio e aumento ou redução de market share das marcas para diferentes SKUs.
Por exemplo, a macrocategoria de acabamentos apresentou o maior ganho de share em valor entre 2024 e 2025 nas compras dos varejistas. De acordo com a Figura 1, a categoria de pisos e revestimentos foi a que mais ganhou participação nesse período, enquanto louças e metais tiveram redução.
Conhecer em detalhes os movimentos do abastecimento desse setor é estratégico. Com forte peso de pequenos e independentes, e atuação importante tanto da indústria quanto dos distribuidores, existe muito valor a ser destravado – e os dados são fundamentais, sobretudo para um posicionamento ainda mais competitivo no contexto de moderação de consumo e de crédito mais caro no Brasil.Eduardo Bueno é gerente de Business Development na Gouvêa Inteligência.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Fonte : Mercado&Consumo.
